Os tripulantes do veleiro Gosto d’Água II viveram momentos de muita tensão em sua última travessia. A embarcação navegada no dia 10 de julho, em uma velocidade de 7 nós, há 20 milhas náuticas para o Arquipélago de Abrolhos, localizado no sul da Bahia. Durante o trajeto, os tripulantes avistaram baleias Jubartes, algumas maiores que a embarcação que possui 38 pés (12 metros). Mesmo seguindo todas as orientações para afastá-las, um dos animais colidiu com o veleiro em dois pontos, na proa e no hélice do motor. Apesar do impacto, que pode ser comparado a uma batida entre automóveis, nenhum dos tripulantes teve danos físicos, já a embarcação teve uma das pás do hélice arrancada.
“Foi um susto muito grande, na hora da batida, com o impacto, parecia que tínhamos batido em uma rocha. Naquele momento, depois de ver que estávamos todos bem, nossa preocupação foi entender quais os danos que foram deixados no veleiro e se estávamos fazendo água ou havia possibilidade de afundar. Como não tinha nenhum sinal, seguimos até a ancoragem e, parados, mergulhamos com equipamento adequado para verificar o fundo do barco. Foi quando vimos que faltava um pedaço da hélice do motor. Mas diante do que passamos, sem dúvidas aquilo não foi nada, tivemos muita sorte”, relata Claudio, comandante da embarcação e da Expedição ANI pelo Brasil.
A Expedição, na situação, contava com mais dois tripulantes, além do comandante Claudio Copello e o imediato João Pedro Martins. A travessia teria como destino final a cidade de Caravelas com uma parada na Ilha de Santa Bárbara, em Abrolhos. No fim de tarde, faltando pouco para chegar ao destino, a surpresa fez com que os planos fossem reformulados pela equipe para verificar todo o funcionamento do barco. Em situações de colisão com baleias, é comum que as embarcações a vela venham a afundar devido ao extensão do dano. Nesta segunda-feira (18), o veleiro Adventus, que cruzou com a Expedição ANI pelo Brasil, também colidiu com uma baleia e foi ao fundo. O casal a bordo foi resgatado por um barco pesqueiro e levado a base da Marinha do Brasil.
“Éramos quatro pais dentro do Gosto D’Água, na hora a gente só pensa em estar seguro. Nós imaginamos que apenas uma parte da baleia tenha batido no barco, a cauda, talvez. Porque se fosse em outro local, com certeza teríamos um estrago muito maior agora. É uma experiência enorme, esses momentos vão ficar na minha memória pra sempre. A natureza é incontrolável, a gente aprende muito no mar sobre o respeito”, completou João Pedro, imediato da Expedição.
Abrolhos é um arquipélago costeiro localizado a cerca de 65 quilômetros do litoral sul da da Bahia. É constituído por cinco ilhas, estando a trinta e seis milhas náuticas da costa da cidade de Caravelas. As ilhas estão dispersas numa área total de 913 quilômetros quadrados, área que pertence ao Parque Nacional Marinho dos Abrolhos, controlado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) com apoio da Marinha do Brasil.
O arquipélago foi a primeira área do Brasil que recebeu o título de “Parque Nacional Marinho", pelo decreto n.° 88.218, de 6 de abril de 1983. A origem do seu nome vem da língua portuguesa, com a expressão “abre olhos”, tendo primeiramente sido registrado em diversos mapas como um aviso aos navegadores por frequentes acidentes e naufrágios causados pela formação de corais, que dificultavam a navegação.
Nesta semana a Expedição “ANI pelo Brasil” chegou a Caravelas, na Bahia, e iniciou os primeiros reparos. Com a ajuda de um mergulhador profissional, o hélice foi retirado dentro da água e, no lugar, um hélice de duas pás de substituição foi colocado. A peça principal irá passar por um reparo durante o mês de agosto para que seja recuperada e volte a ser usada na embarcação. É importante lembrar que as peças reservas são itens de extrema importância a bordo e, muitas vezes, são responsáveis pela resolução temporária de problemas ou até acidentes.
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